Uma parceria entre a Universidade Estadual de Montes Claros
(Unimontes) e a Universidade de Brasília (UnB) vai instalar em
Montes Claros um Núcleo de Sismologia, a fim de monitorar e aprofundar
os estudos sobre tremores de terra observados naquela região.
O assunto foi conversado no dia 12/03/2013 entre o
chefe do Observatório Sismológico da UnB Lucas Vieira Barros; e o Reitor da Unimontes João dos Reis Canela.
Na oportunidade, foi divulgado
o relatório do monitoramento e dos estudos sobre os abalos sísmicos
ocorridos na cidade desenvolvidos pela própria UnB e pela Universidade
de São Paulo (USP).
De acordo com o relatório, através da rede de nove estações
sismográficas instaladas no município, ficou constatado que os tremores
têm como causa uma falha geológica de um a dois quilômetros de
profundidade próxima ao perímetro urbano, na região da Vila Atlântida e
do Parque Estadual da Lapa Grande.
“Não é possível prever se a atividade diminuirá ou se haverá novo
surto com algum tremor de magnitude superior a 4 pontos na Escala
Richter.
O cenário mais provável é que a atividade diminua gradualmente
com alguns tremores ocasionais de magnitude próxima a 3.
A probabilidade
de ocorrer outro tremor maior é estimada em 1% (baseada em estatísticas
de outros casos no Brasil). Mesmo com probabilidade pequena, recomenda-se reforçar as casas frágeis próximo à área de epicentro”, diz o relatório.
O relatório do monitoramento e dos estudos realizados pelo
Observatório Sismológico da UnB e pelo Centro de Sismologia da USP diz
que: “os tremores mais fortes de Montes Claros estão ocorrendo em uma
pequena falha geológica de orientação aproximada NNW-SSE
(Norte/Noroeste-Sul/Sudeste) e dimensão de1 a 2 quilômetros. Estudos
preliminares mostram que a movimentação nesta falha se dá por compressão
da crosta na direção aproximada E-W (Leste/Oeste) e NE-SE
(Nordeste-Sudeste). Este tipo de falhamento (falha inversa) é comum
nesta parte do Brasil”.
Os especialistas da UnB e da USP ressaltam que “estas tensões
geológicas compressivas são as mesmas que causaram os tremores de Manga
(1990) e Jantaria (2007). Estas tensões geológicas são também
compatíveis com as que causaram o sismo de Brasília de novembro/2000
(magnitude 4.2). Isso significa que os tremores de Montes Claros são
resultados de “pressões” geológicas que atuam em uma ampla região do
Brasil (...)”.
Segundo o resultado dos estudos, “o foco dos tremores está entre 1 e 2 quilômetros de profundidade, bem abaixo da profundidade máxima esperada
da camada de calcário na área de Montes Claros.
Não há, portanto,
nenhuma evidência de relação direta entre os tremores e a exploração de
pedreiras no município”.
De acordo com o relatório, “uma análise estatística de todos os
tremores no Brasil mostra que, quando há um tremor de magnitude 4. há
uma probabilidade entre 15 e 22% que ocorra outro tremor maior durante
os 12 meses seguintes ao primeiro tremor. Nestes poucos casos em que
tremores maiores voltam a ocorrer, a maior parte ocorre nas primeiras
semanas e a chance de ocorrência cai exponencialmente com o tempo.
Considerando o tremor maior de Montes Claros ocorreram 10 meses atrás,
pode-se estimar a chance de ocorrência de um tremor mais forte como
sendo perto de 1%”.
Por outro, os especialistas destacam que: “mesmo com pequena
possibilidade de ocorrência de outro tremor maior, as vibrações no solo
poderiam atingir acelerações de até 15% de gravidade (força
gravitacional). Por este motivo, recomendam-se que as casas frágeis
(afetadas pelo tremor de 19 de maio) sejam reforçadas, assim como outras
construções críticas próximas à área epicentral, como escolas e
hospitais. Telhados com telhas apenas assentadas, mas não presas, em
casas sem forro, são especialmente vulneráveis”.
Fonte: http://geofisicabrasil.com/noticias/178-sismologia/4873-montes-claros-tera-nucleo-de-sismologia.html acessado em 21/03/2013.
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