O dia 7 de setembro de 1922 marcou a primeira
transmissão de rádio no país que ocorreu simultaneamente à exposição
internacional em comemoração ao centenário da Independência do Brasil, inaugurada pelo presidente Epitácio Pessoa.
O então discurso do
presidente, em meio ao clima festivo do evento, abriu a programação da
exposição, tornada possível por meio de um transmissor de 500 watts,
fornecido pela empresa norte-americana Westinghouse e instalado no alto
do Corcovado.
Apenas 80 receptores espalhados na capital e nas cidades
fluminenses de Niterói e Petrópolis acompanharam a transmissão
experimental, que teve ainda música clássica - incluindo a ópera O Guarani, de Carlos Gomes - durante toda a abertura da exposição.
À
frente da iniciativa estava o cientista e educador, Edgar Roquette
Pinto, considerado o pai da radiodifusão brasileira. “Segundo o
depoimento do próprio Roquette, praticamente ninguém ouviu nada da
transmissão, porque o barulho da exposição era muito grande”, conta o
historiador, Milton Teixeira. “Os alto-falantes eram relativamente
fracos, mas mesmo assim causou uma certa sensação a transmissão do
discurso do presidente Epitácio Pessoa e das primeiras músicas”, diz.
A
transmissão ocorreu no momento em que as autoridades da época
investiram em obras e recursos financeiros para a exposição comemorativa
ao centenário da independência, montada no centro do Rio antes ocupada
pelo Morro do Castelo.
No mesmo período, a insatisfação dos militares e
da nascente classe média com as oligarquias que dominavam a chamada
República Velha resultou na revolta dos tenentes que serviam no Forte de
Copacabana, no Rio de Janeiro, em 5 de julho. Meses antes, em 25 de
março, era fundado o Partido Comunista Brasileiro, em Niterói. Em São
Paulo, um evento realizado no mês de fevereiro influenciaria de forma
definitiva o contexto cultural do país: a Semana de Arte Moderna.
De
acordo com Milton Teixeira, a elite de cafeicultores que comandava o
país soube tirar proveito político do centenário. “Era uma democracia só
de fachada e direitos sociais eram coisa que ninguém imaginava ainda
existir.
O país estava numa crise danada, mas precisava afirmar a
nacionalidade”, conta.
Especialista na história da cidade do Rio,
ele lembra que para fazer a exposição foi destruído naquele mesmo ano um
marco do passado carioca, o Morro do Castelo, primeiro núcleo urbano.
“Ao mesmo tempo era criado nesse ano o Museu Histórico Nacional (MHN),
primeira instituição dedicada à preservação do patrimônio histórico do
país e cuja direção foi entregue ao historiador Gustavo Barroso.”
Fonte: http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2012/09/07/primeira-transmissao-de-radio-no-brasil-completa-90-anos/
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