Comissão da Verdade investigará as violações dos direitos humanos no Brasil durante o período de 1946 a 1988

A presidenta Dilma Rousseff instalou nesta quarta-feira (16/05/2012) a Comissão da Verdade que investigará as violações dos direitos humanos durante o período de 1946 a 1988 no Brasil.
O objetivo é o resgate da verdade e da identificação dos abusos e violações cometidas, o que inclui a ditadura militar (1964 - 1985) mas sem poder punir os responsáveis pelos crimes.
Próximo ao fim do seu discurso, Dilma, que foi presa política durante o regime militar, ficou bastante emocionada, conteve o choro e continuou o pronunciamento com a voz embargada.
Na Argentina, Raúl Alfonsín (1983-1989), logo após assumir a presidência, criou a Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (Conadep), destinada a investigar os desaparecimentos forçados e produzir um relatório. Foram inspecionadas instalações policiais e militares e visitados cemitérios públicos e clandestinos, onde havia corpos não-identificados. Em setembro de 1984, nove meses depois de ouvir mais de 7 mil depoimentos e entrevistar mais de 15 mil sobreviventes, a Conadep concluiu e entregou ao presidente Alfonsín seu relatório, com cerca de 50 mil páginas,  representando um “paradigma mundial” por seu pioneirismo
A Argentina foi também o primeiro país da região a levar peças-chave do regime militar ao banco dos réus. O ex-presidente Jorge Rafael Videla (1976-1981) e outros foram condenados durante o governo de Alfonsín, que mais tarde assinou uma espécie de perdão aos militares de menor escalão.
Anos depois o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) indultou tanto ex-líderes militares e ex-guerrilheiros. A partir de 2003, no entanto, o governo do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) reabriu investigações sobre os crimes da ditadura, depois de a Suprema Corte de Justiça declarar as leis nulas. Os militares beneficiados com aquelas leis foram condenados e presos, e outros processos continuam até hoje.
Diferentemente de países que vivenciaram pesados anos de chumbo com os regimes militares na América Latina, o Brasil inicia nesta quarta-feira os trabalhos da Comissão da Verdade com atraso em relação aos vizinhos regionais.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br