A Vale obteve licença do IBAMA para levar adiante o
projeto de minério de ferro S11D, na Serra Sul de Carajás, no Pará, o maior
empreendimento da história da companhia com investimentos totais estimados em
US$ 19,6 bilhões. O presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior, já assinou a
licença de instalação do S11D.
O projeto S11D vai ampliar a extração e
beneficiamento de minério no Complexo Minerador de Carajás, que está em operação
desde 1985 nos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás, no Pará.
A licença de instalação emitida pelo Ibama faz
parte da segunda fase de licenciamento do S11D e permite o início das obras de
construção da usina que vai processar o minério. "Parte da licença
[ambiental] para o projeto já havia sido concedida, faltava somente a parte da
mina, do processamento", disse Vania Somavilla, diretora-executiva de
sustentabilidade da Vale. O S11D é um projeto integrado entre mina, ferrovia e
porto que vai produzir 90 milhões de toneladas por ano a partir do segundo
semestre de 2016. Dos US$ 19,6 bilhões, US$ 8 bilhões serão aplicados na mina e
na usina e US$ 11,5 bilhões em logística.
Ao todo, 13 técnicos do Ibama participaram do
processo de licenciamento que permite a instalação do projeto. As avaliações
ambientais resultaram na redução da área de desmatamento, que caiu de 2.591,5
hectares para 1.491,89 hectares. As exigências impostas pelo Ibama também
incluíram a substituição do método convencional de lavra mineral, que costuma
se apoiar em um forte fluxo de caminhões.
No empreendimento, a Vale vai utilizar uma
metodologia conhecida como "truckless", que se baseia na utilização
de esteiras e máquinas modulares para viabilizar a logística da mina.
O licenciamento também exige a preservação integral
de lagoas da região. "O projeto segue os mais modernos conceitos de
sustentabilidade", disse Vânia Somavilla. O processamento do minério será
a seco, dispensando as barragens de rejeitos. A Vale terá que pagar uma taxa de
compensação ambiental, cobrada pelo Ibama para qualquer tipo de empreendimento
com impacto no meio ambiente. A taxa do S11D foi fixada em 0,5% do preço de
referência estimado para o projeto, percentual mais alto utilizado na
compensação. O valor estipulado chegou a R$ 47,6 milhões.
"É o maior projeto da Vale e também o maior na
indústria de minério de ferro", reafirmou o presidente da empresa, Murilo
Ferreira. Ele previu que o S11D vai atingir plena capacidade de produção em
2018. O S11D será importante para a Vale aumentar a produção no sistema norte
para 230 milhões de toneladas por ano a partir de 2018. Além do S11D, a
companhia tem projeto para adicionar 40 milhões de toneladas por ano em
Carajás, previsto para começar a operar no fim deste ano. Em 2012, a empresa
produziu 107 milhões de toneladas no sistema norte.
Segundo Ferreira, o minério do S11D é de boa
qualidade, capaz de aumentar a produtividade da indústria siderúrgica e, por
isso, será disputado por clientes na Europa e na Ásia. Ferreira afirmou que o
investimento no projeto se justifica mesmo com a perspectiva de crescimento
menor da siderurgia: "Se o mercado de siderurgia não vai crescer na mesma
exuberância de 6% como vinha crescendo, se crescer simplesmente 3%, será
preciso mais 40 milhões de toneladas por ano de suprimento."
A Vale também definiu o modelo do financiamento
para o projeto. Luciano Siani, diretor-executivo de finanças, disse que os
desembolsos do S11D vão se dar ao longo de cinco anos, com maior concentração
em 2014 e 2015. Siani disse que a empresa trabalha com a expectativa de contar
com o apoio do BNDES para o projeto. Mas a Vale também considera o interesse de
agências de crédito internacionais no projeto, como JBIC, KFW e EDC.
A emissão da licença de instalação ocorre dois
meses após a Vale obter autorização para construir o ramal ferroviário que
ligará a mina de Serra Sul até a Estrada de Ferro Carajás (EFC), também
controlada pela companhia. A construção desse ramal é fundamental para
viabilizar o escoamento da produção adicional de Carajás. A partir da EFC, o
minério seguirá por malha de 504 quilômetros até chegar ao terminal portuário
de Ponta da Madeira, no Maranhão.
Fonte:www.portosenavios.com.br/site/noticias-do-dia/geral/22599-ibama-autoriza-maior-projeto-de-mineracao-da-historia-da-vale
em 07/07/13.
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